domingo, 30 de junho de 2013

E por falar em listas…


Quando voltar a ter um trabalho remunerado e fazer poupanças não me pareça uma coisa do passado, que aconteceu há muito, muito tempo, esta é a lista dos países/cidades/lugares que de momento suscitam a minha curiosidade:

- Açores;
- Budapeste;
- Berlim;
- Paris;
- Amsterdão;
- Cuba;
- Arquipélago dos Bijagóz;
- “peregrinar” no Este da Macedónia;
- Rota Vasca: Bilbao, Donostia, San Sebastián, Victoria;
- Rota Andaluza: Cabo da Gata, Cadiz, Granada, Sevilha, Córdoba;
- Astúrias;
- Beira Alta e Beira Baixa;
- Algarve alternativo;
- Palma de Maiorca;
- Tenerife;
- Japão;
- Itália de lés a lés;
- Bélgica de lés a lés;
- Malta;
- Marrocos;
- Malawi;
- Ilha de Moçambique;
- Nampula e Cabo Delgado;
- Brasil com amigos nativos;
- Alemanha de lés a lés;
- Suiça de lés a lés;
- Perú;
- Egipto com um historiador

Mas...

Teria muita pena se me obrigassem a escolher uma só região para viajar o resto da minha vida, no entanto não hesitaria em escolher a Peninsula Ibérica porque me parece impossível ficar aborrecido com tantas paisagens e tão distintas que quase parecem dezenas de países em apenas 2.


sábado, 29 de junho de 2013

Desculpe, está a falar comigo, Sr.30 Anos?


Eu pensava que ter 30 anos era uma coisa que só acontecia aos outros. E, muito bem resumindo, é do que trata o post que se segue.

Sabem aquela sensação que costumamos sentir quando na televisão falam  dos salários astronómicos dos jogadores de futebol ou nos valores dos desfalques cometidos pelos políticos? Os número astronómicos têm tendência a não caber na cabeça do comum mortal e a mesma sensação tinha eu em relação aos 30 anos. Eram um conceito abstracto ou longínquo, muito para além do que a minha imaginação podia alcançar.

Depois, o tempo foi passando e chegaram os primeiros vinte. - Agora que olho para trás vejo que os desfrutei ao máximo e que fiz quase tudo o que deveria ter feito.- Contudo, os 30 anos pareciam estar longe, longe, longe mesmo quando já tinha percebido há muito tempo que o tempo não brinca em serviço e só gosta de andar devagar quando esperamos por alguma coisa com muita ansiedade.

Mesmo quando alguns dos meus amigos mais próximos ou a minha irmã já passavam da fasquia dos 30 eu continuava a assobiar para o ar e achar que não tinha porque preocupar-me porque ainda faltava muito. E por isso, num belo dia de inverno, no hemisfério sul, fiz 30 anos e quase nem percebi.

Foi a primeira vez que fiz anos e não cantei aos sete ventos. Só o David sabia e só ele me brindou com um matutino “Quemé é que é uma flor, quemé é que é?” numa imitação quase perfeita do original mas, mesmo assim, aquém da criadora do costume: a minha mãe.
Para os que estão fora de contexto vou explicar um bocadinho de que se trata: desde pequeninas que a minha mãe nos acorda ou nos saúda no dia dos nossos aniversários com uma série de beijos ruidosos -que me deixavam embaraçada quando era pequena- e nos diz (grita) aos ouvidos “Quem é que é uma flor quem é?”. O costume transferiu-se para os meus sobrinhos e,no dia dos seus aniversários, são também assediados por uma avó beijoqueira e ruidosa.

Ora, parece que é uma coisa sem importância, mas estes são o tipo de detalhes que fazem a diferença e, portanto, memória. São as doçuras que acrescentam valor a uma vida que muda de página, no meu caso, cada 18 de Junho,. Talvez por esses beijos, talvez porque em Portugal o meu dia de anos foi sempre um dia solarengo, com cheiro a Verão, a verdade é que não posso ficar indiferente às memória que lhe estão inerentes, e por isso 18 de Junho consta no meu dicionário como um dia doce. Logo, quando é passado no anonimato, sem beijos ruidosos, nem essa luz de Verão que o caracteriza, parece que fica incompleto. Sabe a doce sem açúcar.

Mesmo assim não me quero queixar. Sou cada vez menos uma pessoa de listas mas ainda crio mentalmente objectivos daquilo que quero/não quero fazer. Parece-me legítimo pensar que os 30 anos sejam encarados como um objectivo alcançado e uma nova meta a partir da qual se saí. Claro está numa  perspectiva metafórica e filosófica.

Não acho que tenha sido muito freakie por ter imaginado metas, objectivos, sonhos a serem alcançados até chegar aos 30. Também não é segredo que viver/trabalhar em África era para mim um objectivo a ser alcançado.  Assim, como há pessoas que sonham, lutam e conseguem ter uma casa XPTO, ter um bom posto na empresa, atingir determinado patamar de salário eu sonhei, lutei e consegui estar em África. Que não corresponde às expectativas que eu trazia na bagagem? Não corresponde, mas isso já é um tema para ser tratado no campo das frustrações pessoais. E quem não tem frustrações pessoais?

Fica, pois, a sensação de dever cumprido (com várias lacunas noutros campos) e um pouco de receio da década que se aproxima e que, desde a minha posição actual, me parece definitiva no campo profissional e gestacional.

E o dia 18 de Junho de 2013 não foi mais doce porque me faltou muito, muito, muito o calor humano da minha família, sobretudo esse cheiro a gomas que têm os meus sobrinhos. Passei-o a aportar o meu grão de areia a um grupo de meninas que estão sozinhas no mundo e que precisam desesperadamente aprender as letras e os números para poderem ser alguém na vida e romperem o estigma do HIV e do desamparo que é a orfandade.

Obrigada!


Foto de flor oferecida pelo meu muito querido amigo Jan Dock
 

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Cabeleireiro África


 Bem-haja a todos os valentes que por questões de saúde se vêm forçados a cortar o cabelo.

Hoje eu rapei o meu cabelo por iniciativa própria porque há muito tempo que se encontrava muito debilitado. Estava quase careca por causa de uma apoplexia capilar tremenda que eu tentei, durante vários anos, curar sem quaisquer resultados, depois de ter gasto rios de dinheiro em produtos para a queda e fortalecimento capilar.

Já há algum tempo que tinha pensado fazer esta pequena “loucura” mas como trabalhava num escritório nunca encontrava o timing perfeito. Aqui, posso vir dar aulas de pijama que tenho a certeza que as crianças não se vão importar.

Sexta-feira as meninas estavam-me a fazer trançinhas no pátio do orfanato e uma das mamanas* que trabalha na cozinha disse-me que adorava ter o meu cabelo. Eu disse-lhe que fazia intenção de o cortar e, portanto, se ela quisesse oferecia-lho. E assim, hoje, deixei que me cortasse o cabelo perante o olhar atónito e desolado de umas 20 meninas, do David, 2 freiras e outras 2 mamanas. Diz que vai fazer extensões com o meu cabelo e que se tivesse de comprar extensões de mulungo* custar-lhe-ião cerca de 3000MT (aproximadamente 80€).

Como referi, o meu cabelo era desde há vários anos, um cabelo triste e frágil do qual eu não gostava apesar de o mimar muito. Logo, à partida, não deveria ter sentido pena de me ver livre dele mas a verdade é que não sei de onde me veio tanta cobardia. Passei os últimos dias em pânico e sentia-me sem forças para dar o primeiro passo. Quando me levantei da mesa para ir chamar a mamana estava a tremer por dentro e hesitei muito. Não pude evitar pensar nas pessoas que têm cancro e se vêm obrigadas a “livrar-se” de uma parte delas de uma forma tão abrupta  ( e tão diferente da forma voluntária como eu o fiz, dotada de uma saúde de ferro).

Estou contente de o ter feito mas ando com uma capulana na cabeça porque tenho vergonha que me vejam assim. Além disso, há um grupo de meninas tremendamente indignadas com a minha decisão:
- Sofia: Venham tocar no cabelo da Mana* Sónia. Venham despedir.
- Amizuna: Não faz isso não. Você vai ficar feia. Estou a avisar.
- Vanessa: Mana Sónia o que é você fez Mana Sónia?
- Ângela (com cara muito triste): Mana Sónia diz para mim que é mentira.Que você não cortou cabelo!
A Junice desvia a cara quando eu olho para ela (nota-se que está ofendida) e a Ritinha tem uma cara que diz “Desiludiste-me miuda”. Antes de eu cortar o cabelo vieram-me pedir por favor que não o fizesse e não me deixavam andar quando ia em direcção à minha “carrasca capilar”. Pediram ao David para interferir a favor do meu cabelo. E, enquanto me via livre das minhas debís madeixa, tinha à minha volta uma boa dezena de olhos grandes e tristes.
Claro que lhes expliquei porque é que ia cortar o cabelo: que era para ficar mais forte, mais saudável, mais brilhante e que dentro de 3 meses elas já podem fazer trançinhas outra vez. E, desde o alto da sua sabedoria infantil, elas argumentam umas com as outras sobre as propriedades capilares dos brancos versus negros e dão-me ânimo “Mana Sónia você não se preocupa não que você vai ficar bonita outra vez, você vai ver!”

Ehehehe A-D-O-R-O estas criaturas.

*mamana (ou mamã) = mulher africana de tamanho XXXXXXL
*mulungu = branco (caucasiano)
*Mana = no orfanato as pessoas que não são religiosas (irmãs) são tratadas assim
 










segunda-feira, 3 de junho de 2013

Insólitos Sintra






Sim, os condutores de coche em Sintra estão mesmo a bater uma soneca na hora do trabalho. Fazem eles muito bem! Não há nada como um descanso depois do almoço para recuperar energias. Deveria ser obrigatório!

domingo, 2 de junho de 2013

Costa do Sol: Praia da Polana e os tubarões moçambicanos



Existe em Maputo, perto do exclusivo Clube Náutico, na Marginal, uma zona na água com esteiras de madeira em forma de rectângulo em avançado estado de degração.
Revelam-me as fontes orais e documentais que ditas esteiras serviam de protecção contra os tubarões no idos anos aúreos da Lourenço Marques.
Situado na antiga Praia da Polana as esteiras de madeira foram colocadas por volta dos anos vinte do século passado. Assim, os frequentadores do Salão de Chá (imponente edíficio desaparecido há alguma décadas) podiam desfrutar das pranchas de salto e de uns bons mergulhos a salvo dos temíveis tubarões moçambicanos.

Quanto a mim não posso deixar de sorrir com certa ironia ao pensar nessa bela mistura de tubarões com a classe alta. Também me vem à ideia uma comparação dos tempos idos com os tempos actuais. Se é verdade que antigamente aquele que quisesse molhar o pé no Índico da Marginal teria de ter cuidado com os tubarões, é ainda mais verdade que aquele que actualmente queira simplesmente desfrutar da vista à beira mar na Marginal terá de ter um par de tomates digno de um super-tubarão já que esta é uma zona da cidade- quizás a mais bela e apetecível- que infelizmente está totalmente abandonada e é sem dúvida um perigoso sítio de passo.

Para outros post ficam a História e as histórias da Costa do Sol, ainda sujeitas a investigações. Revelo, no entanto, que é uma zona da cidade que lhe atribuí uma beleza singular,apenas há meio século estava afastada da cidade e actualmente é zona de passo obrigatório para quem quer ir ao Mercado do Peixe ou simplesmente dar uma volta na beira-mar em Maputo. É também o reflexo da falta de civismo que vigora entre os habitantes de Maputo já que um simples passeio sem chinelos na areia fofinha da praia é um salto de kamikaze para os pés daquele que a isso se atreva.



Fonte:restosdecoleccao.blogspot.com/