domingo, 31 de maio de 2009

Viagens na minha Terra e na terra dos outros




Há falta de uma ocupação intelectual,depois de 1 mês nesta anarquia, sem trabalho, sem perspectivas, a sofrer os efeitos desta crise que nos mata à traição apetece-me meter-me numa mala e viajar por aí e por aqui....

Viajar! Perder países!Ser outro constantemente,Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!Ir em frente, ir a seguirA ausência de ter um fim,

E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.Mas faço-o sem ter de meu

Mais que o sonho da passagem.O resto é só terra e céu.Viajar! Perder países!Ser outro constantemente,Por a alma não ter raízes
De viver de ver somente!
Não pertencer nem a mim!Ir em frente, ir a seguir

A ausência de ter um fim,E a ânsia de o conseguir!
Viajar assim é viagem.

Mas faço-o sem ter de meu
Mais que o sonho da passagem.O resto é só terra e céu.

Fernando Pessoa




quinta-feira, 14 de maio de 2009

Lisboa,capital of Saudade




Lisbon: is poetry, is culture, is light, is music, is beauty. It is the capital of the most peripheral and oldest country in Western Europe: Portugal.

It is the city of genius writer Fernando Pessoa and Fado, sad national song, born in Mouraria – the old small block in the heart of Lisbon, built by the Moorish. In Lisbon it is possible to smell the Atlantic Ocean, the spirit of maritime discoveries from XV century, and it is possible to feel how these two things deeply influence the soul of Portuguese people, until nowadays.

There is a great range of choices in this city. In Oriental part you can find the modern city with high buildings and technology, the new Bridge Vasco da Gama and the two towers that look like two boats entering in the Tagus River. Both were built for the Universal Exhibition in 1998. In the center of city known as “New Avenues” the business world of this capital is built, as well as some of the most important universities of the EU.

And in Downtown the magic begins. Tagus is the soul of the city and more than in other parts of Lisbon, in downtown or close to it, you can feel the touch of this big grey line of water. The city would not be complete without it. It makes a perfect harmony. That’s why it’s easy to fall in love with Lisbon.

There is always something going on and the life standard is one of the cheapest in the EU. You can have a great funny night and spend less than 7 €. Moreover, it is quite safe to walk in the streets by day or night. The long nightlife starts around 3 a.m. In Avenida 24 de Julho there is a big variety of night clubs. But first of all, it is important to enjoy the old place full of pubs - “Bairro Alto”.

On Sundays, until 2 p.m., the entrance to museums and public monuments is free. On Tuesdays and Saturday mornings you can enjoy the old fair from XIII century, called “Feira da Ladra”. Over there you can purchase some second-hand things, all for reasonable price. The fair is also the best place to find Vintage articles. And in order to get there you can walk around old and small charming streets, or take the old yellow tram n. 28.

From Chiado to Belém, and from Alfama to Madragoa in Lisbon. Try to enjoy the city by walking. Just be careful with the Portuguese pavement. It’s typical, it’s artistic, it’s beautiful and it’s also dangerous for people with high heels. Do not find it weird if in the Main Street downtown, called Rua Augusta, someone offers you illegal products. Try to resist!


Sónia Garrido Faria
(article published in Voices Magazine, Macedónia www.vcs.org.mk)

sábado, 9 de maio de 2009

Há vida depois do SVE?




Há vida, há sonhos, há projectos. Ora vejam:

-Passar 1 dia por semana com os bebés
-Arranjar um emprego 6/8 horas.Evitar Call-Centers e Supermercados
-Viver em Lisboa
-Fazer o estágio no Museu Nacional do Traje
-Fazer uma alimentação equilibrada
-Fazer Hidroginástica
-Consultar um médico e fazer análises gerais. Saber o meu tipo de sangue
- Viver em Espanha ou noutro país Latino
-Visitar o Guillermo e a Laura
- Estar atenta às Pós-Graduações na Universidade Aberta
-Fazer a inscrição no Inov-Mundus, Outubro de 2009
-Comprar umas botas de Inverno
-Comprar um casaco de Inverno (ou dois, ou três)
-Maquilhar-me mais vezes
- Voltar a usar saltos altos
-Ir mais vezes ao teatro
-Viajar por tudo e por nada

terça-feira, 5 de maio de 2009

Madrid


Os madrilenos são simpáticos e as ruas largas. Há espaço para todos e respira-se igualdade e respeito pelas minorias. A minha rua preferida é a Calle Alcalá...e como sempre sugiro que façam o percurso a pé embora o Metro de Madrid seja bastante completo. A cidade é quase plana e não é dificil caminhar 2, 3 ou 4 horas.
Falta-lhe alguma magia porque não tem rio. Para mim é sempre dificil apaixonar-me por cidades sem rio porém ganha em animação cultural. A Gran Via está cheia de vida, cinemas, teatros, lojas e gente. Malazaña é um dos bairros mais culturais e bonitos para se estar . É uma espécie de zona alternativa, como o Bairro Alto é(ou foi). As ruas também sao estreitinhas e antigas,apenas são mais limpas e organizadas e as casas estão pintadas com as tipicas cores quentes de Espanha.
É tudo bastante caro mas há boas respostas há crise e podemos encontrar um bom cozido madrileño por 9€, com bebida, sopa, café.

Entre as 18h e as 20h as entradas nos museus são gratuitas mas as filas para entrar são imensas. Sugiro que pagem os 6€(ou 3€ para estudante) e entrem tranquilamente .
É imperdível o passeio ao Palácio Real e um café na charmosa praça em frente.

A estação de Atocha é Monumental e imponente. Adoro o jardim interior e ainda me choca pensar nos atentados do 11 de Março.
É certo que Espanha não foi própriamente um país pacífico. Ao longo da História cometerem muitas atrocidades contra outros povos contudo fizeram um esforço notável de Evolução e , são hoje, um dos países mais evoluídos do mundo. Se não fosse esta maldita crise seriam a 8ª potência económica no Mundo.

De uma forma geral quando falamos de Espanha, fazêmo-lo com um certo espírito de desdém.
É normal. Afinal eles são os nossos únicos vizinhos.
Do Oceano recebemos a melancolia,a profundidade dos sentimentos(será possivel ficar indiferente a esta convivência milenar com o infinito azul escuro?).
Para Espanha temos piadas e rivalidades baseadas em factos históricos. Também me parece normal e ,aliás, recíproco mas eu penso que está na hora de parármos de viver de costas voltadas.
É certo que somos Identidades diferentes porém as fronteiras são um conceito criado pelo Homem e, embora, duas Identidades distintas estejam fortemente enraizadas , depois de estar mais de 7 meses em movimento pelos Balcãs, foi muito bom chegar a Madrid e sentir que estava em “casa”.


Ficam contentes se vos disser que não tive medo de andar de avião desta vez?
Até dormi e finalmente consegui usufruir da adrenalina quando o avião fez a manobra de voar de lado para mudar de direcção.
E bom ver a terra dos ares sem ter medo de cair!

I´ve got to see you again SKOPJE

Nos últimos tempos

(Nós, no topo do Vodno, junto à cruz)




(o último pequeno-almoço no jardim da minha casa)



(nós descansámos enquanto outros...)




(Caminhavam para plantar árvores)





(e nós continuávamos a descansar)

Kalevala

Na última semana que estive na R.Macedónia fui à Vinoteka de Skopje duas vezes.
É um sítio fantástico. Uma espécie de Biblioteca do Vinho. A decoração é feita com grande troncos de madeira e as mesas são pipas de vinho. As paredes estão decoradas com armários cheios de vinhos, de todo o mundo, e teias de aranha naturais.
Se ordenarmos um café, o empregado, sem receio de estar a ser incoviniente diz prontamente “O quê?Vieste à Vinoteka para beberes café?”.
Todos os dias têm música ao vivo. Numa Quinta-Feira, a última, fui surpreendia pelos Kalevala, uma Banda Ethno. Deveriam estar entre as 7 maravilhas do mundo. São talentosos e percebem do Fado. Tocam-no como ninguém.Numa abordagem nova onde a guitarra portuguesa é subsituída por uma flauta, percussão e guitarra acústica. A voz da Jasna é digna dos Deuses. E é tão simpática. E tão bonita...E tem tanta vontade e tanta alma quando canta o Barco Negro ou a Lágrima.
Sinto tanto tê-los descoberto só no fim. Não poder acompanhá-los mais. Foi um tempo mágico aquele que passei a ouvir os Kalevala.
Eles têm um MySpace que ainda não está muito dinamizado porque é recente.
Se puderem vão passando por lá até eles disponibilizarem um repertório maior:

http://www.myspace.com/kalevalamusic







( Eu, Beatrice (garota brasileira) e Catherine na Vinoteka, a ouvir Kalevala)

O que estive a fazer na Macedónia?


Living la vida Loca é a resposta mais próxima da realidade que vivi na Macedónia. Não porque me tenha tornado numa adepta da vida nocturna e boémia mas porque foi mesmo uma loucura.Sinto que levarei muitos anos até digerir tudo o que vivi, vi, pensei e senti...

Oficialmente estive a participar num projecto de Serviço de Voluntariado Europeu(SVE), da Agência para a Juventude, da Comissão Europeia.

O SVE é um dos projectos incluídos no Programa Youth in Action que foi criado a pensar em todos os jovens da Europa. A máxima é promover a cidadania activa, solidariedade e tolerância.
O programa divide-sem em 5 acções distintas entre as quais as mais populares são o SVE e os intercâmbios juvenis. Todos os passos deste programa funcionam sob a índole da educação não-formal. O mais importante é que todos possam participar sem julgamentos, avaliações ou discriminações. Em suma cada um partilha o conhecimento que tem com a certeza de que, no final, terá mais competências mesmo que estas, só se tornem evidentes, muito tempo depois.

O meu projecto consistia na elaboração de uma revista para jovens de Skopje, a Revista Voices. É editada em Inglês, Macedónio e Albanês, na expectativa utópica de que um dia ambas as sociedades possam viver em comunhão.
O trabalho dos voluntários é escrever, editar e distribuir a revista.

Não me vou alargar muito na explicação daquilo que deverá ser um projecto SVE e...do que é, muitas vezes, a realidade,.
Apenas vos conto que vivi um sonho. Uma coisa linda...que foi abalada pelas minhas crenças num mundo mais claro e justo, sem corrupção.
As minhas memórias, dos tempos magníficos que passei na R.Macedónia não serão, a longo prazo, afectadas pelas coisas que vi e pelas quais me decidi insurgir por achar que não estão correctas.

Se o vosso sonho é viver fora de Portugal e/ou desenvolver projectos e/ou desenvolver competências numa área específica, não exitem. Aproveitem a oportunidade.
Não existe um mundo perfeito. Não aceitem tudo aquilo que vêm. Nem tudo é Cultura, nem tudo é tolerável mas se ficarem sempre no mesmo sítio à espera que algo vos aconteça a vida passar-vos-à ao lado....e passa tão depressa, tão depressa.

Se quiserem saber mais informações sobre SVE ou outros projectos do Programa Youth in Action consultem o site http://europa.eu/youth/
Ou contactem a Rota Jovem,uma associação portuguesa muito competente nesta área:
http://www.rotajovem.com/index.asp

O site da Associação onde estive, na R.Macedónia é:
www.vcs.org.mk
Do lado esquerdo a Revista Voices. Curiosidade:na Edição de Abril há uma reportagem sobre Lisboa.

Quotidiano de Skopje, R.Macedónia

Ponte de Pedra. Divide não oficialmente o lado albanês do lado macedónio(ou ortodoxo)

Vista Geral de Skopje


Bandeira da R.Macedónia



Passeio quotidiano de duas senhoras albanesas, no lado albanês da cidade



Mercado Albanês ou PitBazaar




Autocarro "moderno" nas ruas de Skopje






sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Sol também é uma estrela:o que é a Macedónia?

Para muitos é uma mistura de legumes que usamos para fazer Salada Russa (que por sua vez é conhecida como Olivier na Russia), para outros é uma salada de frutas, para outros, é ainda, um fenómeno linguístico.
Conhecida por ser a terra Natal de Alexandre,o Grande, a Macedónia é uma vasta região, na região dos Balcãs dividida, actualmente, em 3 áreas distintas: a Norte da Grécia, na actual República da Macedónia(ou Fyrom) e parte Oeste da Bulgária.
Entre batalhas, conquistas e reconquistas dos Turcos, sérvos, gregos é importante referir que em 1941 a R.Macedónia foi anexada à República Socialista Federal da Jugoslávia, do grande General Tito. Em 1991 tornou-se independente e, desde, então a R.Macedónia tornou-se famosa pelo diferento com a Grécia em torno do nome oficial do país.Segundo os gregos, a Macedónia é uma vasta região que apenas ocupa 1% da actual República da Macedónia.
Após mais de 7 meses de convívio com ambas as nações confesso-vos que não cheguei a nenhuma conclusão.
Costumava apoiar a Macedónia, que me parecia ser ostracizada pelos gregos, porém após começar a ouvir também a versão destes mudei bastante a minha opinião.
Ambos têm razão e a conclusão a que chego é que, embora os gregos tenham uma certa tendência para menosprezarem as minorias, acho justo que a R.Macedónia, como país, não seja detentora da utilização exclusiva do nome que diz respeito não só ao actual país- Republica da Macedónia ou Fyrom- mas também a uma vasta região no Norte da Grécia.
Imaginem que os espanhóis decidiam chamar Républica da Peninsula Ibérica à actual Espanha. Como nos sentiriamos nós que também fazemos parte da Peninsula Iberica? Certamente começariamos a chamar-lhes Antiga Républica Espanhola da Peninsula Ibérica.
Embora esta seja uma questão bastante quente para os macedónios parece-me que, sendo a Grécia um país da União Europeia, provavelmente a situação manter-se-à apenas no âmbito da diplomacia. Já a relação com os albaneses tem contornos muito mais graves. Fiquei sempre com a sensação de estar a viver numa Guerra-Fria e que a qualquer momento pode começar uma guerra sem razão, como aconteceu em 2001. É óbvio o conflito étnico. Está em todas as conversas, ruas e estética do país.
Como em todos os balcãs, na R. Macedónia,o Nacionalismo é um tema muito forte. Os políticos jogam muito com os sentimentos dos cidadãos. Ficamos com a sensação que estamos num teatro de marionetas. É dificil encontrar pessoas com ideias não formatadas e,isto, foi o que mais me entristeceu e aborreceu nos meses que passei lá. Os macedónios são usados e manipulados. Justificam-se com o facto de não poderem viajar pela Europa sem visto (esta é uma das realidades mais duras e que mais me custou entender) porém eu penso que não há vontade da parte deles de impulsionarem uma mudança.
Contudo fiquei com a sensação que a pobreza traz dignidade e humildade. Nunca esperei encontrar um povo tão acolhedor, tão desligado dos bens materias. Aliás, ainda me questiono como conseguem (sobre)viver. O ordenado médio são 150/200€, 40% está oficialmente desempregada, há excepção da comida, todos os bens de consumo são extremamente caros.
São de verdade autênticos campeões e caminham sempre com um sorriso nos lábios e o coração aberto mesmo quando a vida lhes corre tão mal.
A beleza do país é indescritível.Em todas as linhas do horizonte há montanhas. Agora na Primavera, o verde invade-nos a vida. É impossível ficar indiferente.Sente-se nas veias.No Inverno fica tudo cheio de neve. Algumas regiões mais baixas ficam de tal maneira cobertas que precisamos olhar fixamente para perceber que estão ali casas e ruas e carros.
Quando surgem os primeiros raios de sol após um nevão vêm-se em todas as direcções, montanhas que parecem fantasmas a apontar para o céu. É bonito.
E, porque há excepção de Ohrid, a Macedónia não é um país de turismo, fiquei com a sensação que tudo está tão virgem e intocável como no tempo do Alexandre, o Grande.
Se decidirem visitar não esperem algo fantástico. Não é um país de massas. É um país para ser aproveitado como um bom vinho:não é percéptivel a totalidade do conteúdo mas sabe bem e deixa memórias.
Dá prazer!

Passeio à Grécia










O coração bateu mais depressa quando a minha amiga Sara, com uma excitação infantil e contagiosa, me bateu no ombro energicamente e me disse “Está ali, Está ali. Eu vi!”Fiquei desesperada porque tive de esperar pela próxima abertura entre os prédios para poder contemplar a beleza, a magia e a imponência da Acrópole de Atenas.
Já depois de me ter deitado a pele continuava arrepiada e eu sentia um estado de felicidade incontrolável, que me transcendia. É inexplicável a sensação de estarmos num sítio que só vimos em imagens de Enciclopédia, filmes e Canal História. Normalmente colocamos este tipo de destinos no pacote mental dos “um dia hei-de ir lá..um dia” não porque seja caro, não porque não tenhamos vontade mas porque são locais tão apetecíveis que nos parecem um sonho e apenas isso.
Bom, voltando atrás na história da minha decisão de ir a Atenas, foi assim que aconteceu:
estava no sofá da minha casa, em Skopje, com os queridos nuestros hermanos Guillermo, Laura e Sara. A Sara queria viajar para Montenegro e Albania com a Carmen. Falámos de Tesalónica e por fim disse-lhes que se fossem a Atenas iria com elas. Em Ohrid tomámos a decisão de ir juntas.
Todo o caminho entre Tesalónica e Atenas tem uma paisagem mágica repleta de montanhas, água e verde, infinito verde. Os gregos são bastante simpáticos (tinha outra ideia)e têm uma língua muito bonita. Quando falam inglês têm um sotaque muito acentuado como os espanhóis. Claro que fui vendo bastantes narizes gregos. Não tantos como tinha imaginado mas eles existem de verdade e tornam os rostos muito bonitos e personalizados. Aliás, os homens gregos são bonitos, atraentes e charmosos. Verdadeiros homens do Sul.

Dedicámos o primeiro dia a visitar a Acrópole, Templo de Zeus, Estádio Olimpico, Anfiteatros etc...Para entrar na Acrópole é necessário pagar 16€ porém com Cartão de Estudante é gratuito(uauu). Nos outros dias dedicámo-nos às praias de Atenas, aos estádios do Panatinaikos e Olimpiakos, às compras de última hora.
Encontrei bastantes portugueses e brasileiros. Numa lojinha de souvenirs estàvamos a falar com o vendedor, um senhor velhinho e fofinho. Quando já estavamos a dizer “Bye, Bye” descobrimos que ele era brasileiro. Demos um abraço forte e sentido de Lusófonia, de amizade, de irmandade sem rancores coloniais. Mais tarde vi um grupo de velhotas muito fofas e chiques, brasileiras, disse-lhes que era de Portugal e elas gritaram em coro “Portugal é Lindo”.
De noite saímos com a nossa anfitriã Hanna, de Castella y la Mancha, antiga Erasmus em Coimbra.Fomos a um bar muito interessante, no 10º andar de um edifício normal. O Bar estava cheio de gente e era muito in. Tinha uma vista soberba para a Acrópole. Ás 3 horas da manhã, ao som de um House soft, vi a Acrópole adormecer. Gradualmente as luzes foram-se apagando e ficou só a sombra...Conseguem imaginar?
Bom,mas o mais fora do normal estava para acontecer. Lembram-se dos confrontos entre polícias e manisfestantes,há cerca de 2 ou 3 meses , com as ruas de Atenas a arderem, depois da polícia ter matado um miudo de 15 anos?
Pois estávamos tranquilamente com um grupo de amigos, num jardim público, a comer uma maravilhosa Pitta, quando começamos a ouvir gritos e muitos jovens a correrem pelas ruas. Atrás deles vinha a polícia de choque. Mesmo ao nosso lado-20 metros-a polícia começou a disparar um gás qualquer.Começamos também a correr mas decidimos parár para não sermos confudidos com os revoltosos. Isto é a vida real!
A comida na Grécia é simplesmente deliciosa. Quando provei o primeiro pão regado com verdadeiro azeite medirrânico e oregãos quase chorei. Há meses que não comia nada assim.
As saladas e as pittas são bastante baratas e de extrema qualidade( muito distante do fast-food grego/turco que temos em Portugal) mas tudo o resto é extremamente caro.
No regresso a casa, no comboio, tive o prazer de ficar sentada ao lado de um senhor com cerca de 50 anos, Professor universitário de Engenharia Têxtil. Conversámos muito sobre a cultura grega e sobre o conflito diplomático entre a Macedónia e a Grécia.
Claro que a magia da Grécia foi completada com a maravilhosa companhia das nuestras hermanas Sara,Carmen, Hanna e Rocío e de muitos outros nuestros hermanos que fui conhecendo. Nos últimos meses tenho eliminado todos os preconceitos estúpidos que tinha contra os espanhóis. Mais, estou encantada com a cultura deles e fico cada vez mais surpresa com as similariedades culturais entre Portugal e Espanha. Não sou apologista da União Ibérica mas sem dúvida que eles são óptimos parceiros culturais, económicos e políticos (sugestão: vejam o filme Volver, de Pedro Almodovar e verifiquem as semelhanças entre o papel da mulher em ambas as sociedades).
Não deixem de visitar a Grécia. É harmoniosa, bonita, cheira bem e tem alma.
Se vos interessar visitar mais do que uma cidade ou país da região sugiro que comprem o Balkan FlexiPass.Custa 51€ até aos 25 anos e 81€ a partir dos 26. É uma espécie de InterRail para a zona dos Balcãs(Bulgária, Macedónia-Fyrom,Grécia,Serbia,Montenegro, Roménia e Turquia). Tem a validade de 1 mês e pode ser usado durante 5 dias consecutivos ou alternados. Se iniciarmos a viagem depois das 19horas conta como o dia seguinte( o que é óptimo pois podemos dormir no comboio e poupar no hotel). Há ainda a vantagem de muitas vezes os revisores não assinarem. Podemos fazer batota e alterar a data e viajar mais 1, 2, 3,4 ou 5 dias com o mesmo passe. Eu fiz isto, confesso. Estou a transformar-me numa balcanica!
Convenci-vos a ir?